Sim, continuam misturando outros gêneros com o rock e o metal
As possibilidades são infinitas - e está cada vez mais diferente e experimental

O assunto deste artigo não é novo: bandas de rock e metal que misturaram ou que misturam outros gêneros às suas guitarras pesadas. Desde o Run DMC com o Aerosmith em “Walk This Way”, de 1986 e depois o Public Enemy colaborando com o Anthrax em “Bring the Noize” em 1991, as barreiras entre gêneros do rock e do metal foram quebradas para além do progressivo.
O começo da junção de cabelos compridos e calças baggy
Tudo bem, antes disso teve até quem se arriscou no Jazz Fusion, que misturava o rock com o Jazz - entre outros estilos - mas a gente quer falar aqui sobre misturas que fogem do padrão, pegam o ouvinte pela orelha e, querendo ou não, são polêmicas. Assim como, no grande exemplo depois do rap no metal, o Nu Metal foi e é polêmico, misturando gêneros sem perder o peso e a agressividade das suas raízes.
Aqui no Brasil, temos outros exemplos gigantescos dessa mistura de gêneros, como o rock-maracatu do Nação Zumbi ou o forrócore do Raimundos, ambas nos anos 90. Isso sem falar do Sepultura, que trouxe um groove diferente pro metal e, quiçá, foi o responsável por criar vários outros subgêneros dentro do gênero, inegavelmente influenciados pelo disco Roots.
Já deu pra sacar que limite não é uma palavra que existe nessa mistura,né? Hoje te falo 7 bandas e/ou artistas que vão além nesses mixes - mas sei que tem muito mais e você pode comentar depois no instagram @ismo.mov sobre outras bandas/artistas que a gente não colocou aqui e que você acha interessante pra conhecer também!
MC Taya
A maior protagonista do FOCK, ritmo que mistura funk carioca com o rock, a MC Taya é metal mandrake até o osso, botando guitarra e bateria com rimas e beats do funk, rebolando e tocando instrumentos nos palcos e nos clipes.
Presença forte em rolê de nu metal e afins, a Taya tem soltado pedrada atrás de pedrada, participando de festivais como o The Town desse ano, e influenciando uma galera tanto sonora quanto visualmente - o metal mandrake também se significa nos outfits.
Tem quem não goste, mas isso qualquer mistura do metal vai ter quem torça o nariz. Ela não está nem aí, cada vez mais traz seu som do seu jeito e extrapola limites dos gêneros que faz parte.
Guitarras e rimas juntinhas no som da MC Taya
Cangaço
Vinda de Recife, Pernambuco, o Cangaço é uma banda que tem raízes fortíssimas da cultura nordestina no seu som. Misturando o metal com baião de uma forma muito bem feita e assertiva, a banda formada em 2010 tem dois álbuns e um EP, sendo seu último lançamento em 2020, com o álbum “Inevitável”.
Apesar do hiato que a banda se encontra, o Cangaço é um dos maiores exemplos que dá pra olhar pra dentro e encontrar ótimos ritmos, escalas e estruturas musicais que ficam excelentes no metal.
O EP Rastros é incrível - recomendo fortemente
Peeling Flesh
Uma hora você tá moshando, outra hora tá fazendo o low rider pular e/ou está rebolando no meio do moshpit. Assim é ouvir Peeling Flesh, uma banda que levou essa parada do Nu Metal de misturar rap com metal a outro patamar.
O mais correto aqui é dizer que o Peeling Flesh não veio necessariamente do Nu Metal, mesmo tendo essa correlação de gêneros. O Slam, o Brutal Death Metal e outros gêneros mais pesados são a escola da banda e dá pra ouvir bastante nos riffs e nas construções dos seus sons. Mas isso tudo se mistura com as intros e breakdowns com “chopped and screwed” - que lembram bastante as paradas do Triple Six Mafia no começo da carreira - e as rimas no meio das músicas.

Apesar disso, o vocalista Damonteal Harris volta aos gêneros pesados e afirma: “toda letra nossa é sobre uma forma diferente de dar um cacete em alguém”.
Three Six Mafia meets Devourment
Animals As Leaders e Periphery
Essas duas bandas talvez estejam no lugar mais seguro dessa lista em termos de misturar gêneros, mas valem ser citadas e lembradas porque foram fundamentais na criação de um gênero recente no metal: o Djent.
O termo, cunhado pelo guitarrista do Meshuggah, Fredrik Thordendal, em 2018, se descreve pela onomatopéia da palavra fazendo alusão ao som que a guitarra faz. Instrumentos de mais de 6 cordas, frases quebradas, tempos diferentes do 4/4 e uma precisão quase que de relógio suíço no skills dos participantes do gênero fizeram desse um gênero que teve muitos adeptos, mesmo sendo novo e um pouco difícil de bangear.
Pode se dizer que vieram do Jazz Fusion ou do Metal Progressivo, fato é que o Djent tem músicos que nem mesmo precisam gostar de metal pra tocar ou pra fazer parte do movimento. Mas os caras tocam pra caralho.
Tobin Abasi é um novo ídolo de guitarristas do mundo todo
Mateus Fazeno Rock
Aqui no Brasil, essa junção do rock com outros ritmos tem sido pauta frequente nos novos músicos e musicistas que estão aparecendo. O Mateus é um desses, trazendo uma estética visual de gêneros mais extremos - o corpse paint do black metal - para sua sonoridade rock-brasilidades, com guitarras e baixos dando palco para suas letras sobre coletividade, luta diária e cotidiano periférico do Brasilzão.
Não tão pesado quanto os outros exemplos dessa lista, mas certamente um nome que está despontando no cenário brasileiro de música, seja ela do rock, da MPB ou da miscelânea cultural sonora que é tão presente no nosso país.
The Browning
Uma banda que mistura metal com música eletrônica. Tudo bem, não é muita novidade também quando a gente pensa historicamente na junção do rock com o eletrônico. De Pet Shop Boys a Rammstein, os exemplos são muitos, mas o que faz o The Browning estar nessa lista é que os caras tocam tanto em festival de metal quanto em rolê de música eletrônica. Eles se intitulam RAVE METAL, misturando uma parada mais bruta, um metalcore, com o EDM, o The Browning pega geral pra moshar (ou dançar) seja você um cabeludo sujo ou alguém de juliete e pirulito na boca na rave.
Trilha sonora do apocalipse zumbi - mas doidão de ácido


Agradando a ravers e metaleiros (fotos: instagram The Browning)