O primeiro disco do Budang é acelero do início ao fim
Banda brasileira de hardcore mistura vocais pesados e refrões que ficam na cabeça em "Magia", seu álbum de estréia
Sim, pode parecer que os caras já lançaram uma porrada de coisa de tanto que eles tocam e são lembrados nos festivais, mas esse é o primeiro álbum full lenght do Budang. A banda de Florianópolis, Santa Catarina, formada em 2019, apresenta o “Magia” em 2025, reunindo músicas que carregam sua identidade já conhecida na cena: um hardcore atual, refrões que a gente fica lembrando e moshes pra bater cabeça mesclando com partes melódicas.
Com dois singles já com clipes, o álbum saiu no dia 10 de outubro. A capa, feita pelo artista e tatuador Vinicius Flores e encarte pela também artista e tatuadora Camila Lobo trazem cores e desenhos que conversam com a estética da banda.


As artes do disco
É justo dizer que o Budang tem o som, mas também tem o visual que conversa com mais gente do que só a galera xiita do hardcore - o que atrai mais galera pra consumir e gostar da banda, sem precisar passar por uma barreira estética que existe na cara feia e porradeira do mosheiro tradicional. Mas isso não quer dizer que a banda é menos ou mais, somente que eles têm um apelo visual que se completa ao som que fazem e isso casa muito bem pra banda. Nos clipes, nas comunicações e até nas artes dos discos e singles, isso também se faz bastante presente.
O Budang se assemelha a bandas tipo Turnstile, Speed, Title Fight e Knocked Loose, misturando tudo isso e mais um pouco em letras em português. Não, não é uma cópia de nada disso que citei, mas dá pra ouvir um pouco de cada nos sons da banda. Gosto de pensar que a cada década, tem alguma banda que representa o rock brasileiro de uma forma a conversar com o que tem rolado de mais fresh na música pesada e consegue falar português sem ser tosco nas suas músicas - pra mim o Budang está nesse lugar agora e falta muito pouco pra estourar além dos festivais de hardcore.




Budang em estúdio (fotos: @youknowmyface)
O disco Magia abre com “Mágica”, música que já traz todos os elementos acima citados. No disco tem poucas músicas com mais de 2 minutos e meio, coisa que no hardcore é bem comum - músicas rápidas, pa pum. “Mágica” é assim e ganhou um clipe no dia anterior à estréia do disco.
O disco segue frenético com “Gosto Bom” e “TMPTDPH” e “Deixa Quieto” e uma coisa que me chamou atenção é o uso do “português sulista”, com gírias e flexões do verbo muito comuns da fala regional. É o certo falar “queres o que?”, mas mais certo ainda é uma banda do Sul falando assim.
Deixa Quieto foi o primeiro single
“Magia” e “Budangól” fazem a sequência dos singles já trabalhos pela banda e realmente são músicas que merecem destaque, principalmente a primeira - riff inicial muito bom, seguido de guitarras com pausas e vocais que acompanham a melodia. Certamente vai ser uma que a galera vai cantar alto nos shows, uma pena ser tão curta (apenas 1:10), mas meio que ela e “Budangól” trabalham bem juntas e acho muito difícil elas não serem sequenciais no ao vivo.
O combo de Magia/Budangól foi explorado no clipe também
O disco segue com os vocais do Guilherme Larsen bem presentes até “Ponto de Não Retorno”, que é uma faixa um pouco mais lenta do que as outras. Não chega a ser uma balada, mas é a mais cadenciada do álbum, que depois vai até o fim com o hardcore que o Budang faz. Produção boa, vocais fáceis de entender e de acompanhar, dobras de vocais, coros e guitarras que mesclam riffs brutos com partes melódicas. Sem desacelerar e sem ser muito fofo.
De maneira geral, o disco trata de assuntos cotidianos, como trabalho, relações na cidade, estresse da vida capitalista e é um ótimo ponto de partida para quem ainda não conhece a banda. Vale ressaltar o ponto de que todo o álbum conversa muito com o local de onde a banda nasceu, Florianópolis, desde o nome do disco até os clipes. Produzido pela gravadora Deck, o álbum traz 16 faixas sem respiro e com pontos altos que fazem você ficar cantando depois no banho.
O Budang é de Santa Catarina e conta com Guilherme Larsen Güths (voz), Vinícius Lunardi (guitarra), Pedro Sabino “Pit” (baixo) e Felipe Royg “Minhoca” (bateria).

Ouça o disco completo aqui