Mahmundi reinventa o começo em "BEM VINDOS DE VOLTA"

Dona Marcela Vale, a Mahmundi, está de trabalho novo nas ruas. Com o lançamento de seu quinto álbum, BEM VINDOS DE VOLTA, a artista não apenas entrega um novo trabalho ao público, como marca um retorno importante a sua independência, reassumindo a propriedade de seus fonogramas e a rédea criativa que pautou seu início de carreira. Este não é apenas um título, é uma declaração de intenções, um convite a revisitar a essência de onde tudo começou.

O álbum é, segundo a própria cantora, um retorno à Mahmundi de 2012, jovem visionária que desbravava o eletro-pop carioca com letras leves e profundas tocadas por ritmos quentes, perfeitos para o verão. Em BEM VINDOS DE VOLTA, a sonoridade realmente se distancia um pouco da produção mais orgânica dos últimos discos para mergulhar novamente nas texturas que a consagraram. Synths vibrantes e batidas eletrônicas constroem um universo sonoro que remete diretamente aos seus primeiros singles.

Aliás, em entrevistas recentes, Mahmundi fala sobre um passo fundamental no seu atual processo criativo que é o de se tornar a própria referência. Após mais de uma década fazendo som, coletar o feedback tanto da crítica quanto do público, e passar pelas experiências do mercado, ela se "autodescobre" e entrega um frescor que passa longe da repetição de fórmulas. É uma síntese bem madura, na verdade. Ao olhar para trás, ela filtra o que construiu de mais potente e consolida sua assinatura na música brasileira contemporânea.

Entre a galera que chegou junto estão Adieu, ou DJ Lukinhas, como prefere ser chamado, que assinou a produção do disco junto da própria Marcela, enquanto Iuri Rio Branco, Pedro Lucas, Castello Branco e Quinhones, parceiros de longa data, contribuem com beats e instrumentos em algumas faixas. Rico Dalassam ficou com a responsa de encaixar um rap na faixa “O MUNDO PODE ESPERAR” e a poeta Maria Isabel Iorio figura em “SALIVA FRISSON” e “VOCÊ VAI PERGUNTAR QUEM EU SOU”.

Tematicamente, BEM VINDOS DE VOLTA gira em torno do amor, um tema que Mahmundi aborda com bastante frequência por definir como "a melhor forma de fazer canção por ser infinito". As faixas exploram os diferentes lados do sentimento, da euforia e medo do começo às complexidades do adeus, passando pelas alegrias e desafios do cotidiano. É um trabalho bem honesto, por vezes positivamente clichê, o que dá aquele efeito chiclete em algumas faixas. 

Além de celebrar o quinto álbum e o retorno à independência, Mahmundi sinaliza que está preparada para um novo ciclo de produção mais amplo, deixando claro que está afim de voltar a produzir e trabalhar com outros artistas, movimento que tem potencial para injetar na cena, sua visão única. 

Depois de algumas décadas, seu último álbum é um manifesto de maturidade. Mahmundi prova que o caminho mais interessante, às vezes, é aquele que nos leva de volta ao ponto de partida, mas com uma bagagem de quem já rodou bastante.