Ilustras Corinthianas

Três artistas visuais que botam o Corinthians em primeiro plano em ilustrações dentro e fora de campo

Ilustras Corinthianas

Torcer para um time é uma parada muito doida. Você passa pelas mais variadas emoções durante vários momentos: nas contratações, nas notícias do clube, no jogo, no estádio etc. São muitos os momentos que os times mexem com a gente, se você realmente for aquela pessoa que se importa com isso.

Se você torce pro Corinthians então, essa paixão é ainda mais maluca. Loucos do bando, como gostam de se referir (nós) os Corinthianos, é uma torcida que vai além, transformando suas vidas em Corinthians, fazendo do clube sua vida e o assunto que mais permeia seu imaginário durante o dia todo, todos os dias.

Aqui nesse artigo a gente misturou essa paixão com arte e foi atrás de três manos que pintam, ilustram e/ou representam o Corinthians em suas telas. A gente quis entender com o Guilherme Marconi, José Neto e Gabriel Diogo o porquê do Corinthians ser pauta nas suas artes e quando que isso passa de arte de fã para trampo sério com o clube.


Guilherme Marconi (@mightymarconi)

Comecei a entender o que era futebol com meu falecido avô. Ele tentava, de todas as formas, me fazer torcer para o time de verde, como bom filho de italianos. Outra paixão dele era o XV de Piracicaba, mas ouvir os jogos pelo rádio não me cativava tanto. Pela lógica, eu tinha tudo para ser uma versão palestrina de mim mesmo. Mas, como dizem: você nasce corinthiano.

Trabalho como ilustrador profissional desde 2010 e, nesse tempo, passei por várias áreas — publicidade, games, infantil... Até que, num jogo de volta da Copa do Brasil de 2022 (Corinthians x Atlético-GO), em que o Timão reverteu um placar de 2x0 para 4x1, com hat-trick do Yuri Alberto, voltei tão inspirado pra casa que senti que precisava transformar aquilo em arte.

Quando o time perde, minha capacidade de criar morre junto com ele. Amar algo tão intensamente é isso. Mas, se tem algo que está no nosso DNA, é a superação — estar desacreditado e, no último lance, tudo mudar. Vivi isso em 2023 e 2024, quando quase fomos rebaixados. Ironicamente, 2024 foi o ano em que mais criei. Eu tinha certeza de que o time ia sair daquela situação. Foi mágico.

Gosto de mergulhar na história do clube, principalmente nas décadas de 50 e 60. Jogos que sequer têm fotos, lances registrados apenas em recortes de jornal.

Tive a honra de expor meus trabalhos no Parque São Jorge em duas ocasiões, a convite do historiador Fernando Wanner. A internet também ajuda muito a ser visto. Já tive oportunidades profissionais de ilustrar o Corinthians para a Conmebol Libertadores e o Paulistão Sicredi. É muito gratificante abrir as redes sociais e ler: "Você viu que o Memphis postou sua arte no feed?" (obrigado, Mari).

Tenho muitas ambições — e a maioria delas envolve o SCCP. Quem sabe uma animação? Ou uma história em quadrinhos? O tempo dirá. Até lá, sigo vivendo o Corinthians de forma passional, nos altos e baixos.


José Neto (@maisumzeh)

Desde que me entendo por gente o Corinthians está comigo. Mesmo nascendo e sendo criado em Rondônia, meus pais paulistanos transferiram o amor ao clube pra mim, graças a Deus. Minha infância era jogar bola com a camisa do Corinthians depois chegar em casa e desenhar.

Costumo dizer que arte e Corinthians meio que me formaram.

Uma noite voltando de um rolê de arte na rua, vi uma família voltando de um jogo, era uma quarta ou quinta de noite, o garotinho com uma blusa do Corinthians segurava a mão do pai e da mãe também vestidos de Corinthians, felizes da vida, todos conversando sobre o jogo, andando na minha frente naquela gigante estação da Barra Funda.

Assim que cheguei em casa tentei retratar aquilo e, pra falar a verdade, até hoje eu tento, mas nunca consigo algo que me transmita a mesma sensação, um dia talvez, quem sabe, não seja minha obra prima.

Depois disso de repente me vi desenhando meus ídolos e histórias sobre o clube.

Eu acho lindo essa conexão do clube com o povo, e que isso nunca acabe. Um jogo bom me inspira. Uma história boa me inspira. A torcida me inspira. O povo no geral me inspira. O simples fato da história do clube meio que se misturar com a história do Brasil me encanta.

Com o clube, comercialmente não rolou ainda nada, mas já rolaram duas exposições no memorial do Corinthians, que fica no Parque São Jorge, feitas pelo Departamento Cultural do clube que tive a oportunidade de participar.

Duas obras minhas já estiveram lá dentro do memorial, isso pra mim já é muito gratificante, uma verdadeira honra. Fernando Wanner, artista plástico e historiador do Corinthians diz que o H no nome do clube é de História, História essa que jamais será apagada ou esquecida.


Gabriel Diogo (@gabrieldiogo.ilustra)

Meu pai sempre foi corinthiano fanático e quando meus pais souberam que eu estava chegando, antes de qualquer coisa, a certeza é que era mais um corinthiano.

Foi completamente natural criar artes com o Corinthians como tema, primeiro porque é algo que faz parte da minha vida e da minha identidade, então, é algo que eu busquei dentro de mim mesmo para me inspirar. Mas também porque eu queria criar ilustrações que as pessoas que torcem para o Corinthians (ou que simplesmente gostam de futebol) se identificassem e que fosse além do que é mais comum e reproduzido pelos próprios clubes de futebol. Cada artista tem seu próprio estilo e é muito legal você ver tanta pluralidade de técnicas, de olhares, de pontos de vista sobre o Corinthians.

É algo que faz muito parte da minha própria identidade, não tem como desassociar a história da minha vida e o Corinthians, então, acabo buscando dentro de mim momentos em que ele foi pano de fundo, histórias que vivi por conta dele, pessoas que conheci, tudo acaba me inspirando.

Eu acho que a importância do Corinthians para o corinthiano é muito além do campo de futebol, aquilo é só a ponta do iceberg. O que o Corinthians representa para o seu torcedor é muito maior, muito mais subjetivo e algo que não é tão simples de entender. São as pessoas que se conectaram pelo amor ao clube, são as histórias que são escritas e se entrelaçam com a própria história do clube, as lembranças de chutar uma bolinha de papel e comemorar igual ao Marcelinho Carioca, é isso que faz o corinthiano ser corinthiano e são essas subjetividades que gosto de explorar nos meus trabalhos.

Por duas vezes. Em 2023, a convite da Nike, criei uma cartela de adesivos que foi entregue no press kit de lançamento dos uniformes 1 e 2 da temporada. Foi incrível porque a coleção homenageia um dos momentos mais importantes da história do clube, que foi a Democracia Corinthiana. Então, as ilustrações faziam referência ao movimento e a importância da alcunha de "Time do Povo".

Ainda em 2023, mas no fim do ano, fui convidado novamente pela Nike para criar um pôster que foi enviado junto com a camisa 4 da temporada, que foi criada por um torcedor e escolhida através de um concurso. A camisa foi criada pelo Leonardo Fojo e o conceito inspirou a criação da minha arte. Além disso, tive o prazer de expor meu trabalho dentro do clube nos últimos dois anos, participando da "Semana de Arte do Corinthians", em que o clube convida diferentes artistas corinthianos para expor seus trabalhos na área do Memorial. É muito gratificante ver a parte cultural do Corinthians fomentando e dando visibilidade aos artistas que tem no clube sua grande inspiração.


ISMO
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