Fuck IA: Drew Struzan
Os pôsteres dos filmes e dos álbums que você mais curtia eram todos feitos à mão
Em um mundo onde a IA tem dominado as discussões artísticas e seu uso parece, cada vez mais, extrapolar os limites da razão e da ética, vale muito a pena olhar para um passado recente e encontrar artistas que desafiam essa lógica de prompts e marcaram a mente de pessoas no mundo todo com artes reais feitas por humanos de carne e osso.
Nos filmes, os maiores artistas reconhecidos pelo público são os atores, depois os diretores, depois a produção e por aí vai. Mas existe um nome na arte de pôsteres que vai além no quesito reconhecimento e é um superstar: Drew Struzan, que fez e faz artes à mão dos filmes mais consagrados da história.
Primeiros passos
Drew começou sua carreira nos anos 60, depois de uma infância e adolescência difícil em casa. As coisas começaram a mudar quando conheceu sua mulher, Dylan Struzan, em 1966 e, depois ele foi para uma escola de arte onde pintava praticamente todo dia, aprimorando sua técnica.
Seus primeiros trabalhos foram na música numa agência chamada Pacific Eye & Ear e, porra, aqui já começa a seleção de artes que você viu a vida toda e talvez nunca pensasse que fosse de uma pessoa só. Lá vai:
Black Sabbath - Sabbath Bloody Sabbath (1973)
O clássico Sabbath Bloody Sabbath do Black Sabbath, de 1973 foi feito durante uma reunião com a galera da agência e tudo que eles haviam pedido era uma imagem de um homem morrendo. Na capa, a imagem acima, de um homem cercado por demônios, era oposta à contracapa, azul, com um homem sendo cuidado pela família e leões.
Alice Cooper - Welcome to my Nightmare (1975)
O álbum lançado em 1975 pelo Alice Cooper tinha uma capa do Drew Struzan que trazia o cantor para um lado mais “classudo”, mudando sua imagem da maquiagem de corpse paint e das letras diabólicas. Essa capa foi eleita uma das capas mais legais de todos os tempos pela Revista Rolling Stones algumas vezes porque era uma quebra de expectativa, um diferencial para fãs e para novos ouvintes.
Sua carreira no cinema
Essa arte para o Alice Cooper foi a que realmente colocou a galera do cinema interessada em trampar com ele para os pôsteres de filmes. A galera começou a realmente procurar por ele e sua carreira decolou daí.
Seu primeiro pôster de filme foi o Black Bird, de 1975, com desenhos dos personagens em seu estilo que mesclava o de pinturas e quadrinhos.
Depois, seu trabalho se intensificou com a técnica de “airbrush”, principalmente fazendo as artes de Star Wars, onde ele fazia grande parte em pintura à óleo e o artista Charles White III fazia sua parte de airbrush. O resultado foi esse, que na verdade acabou não sendo utilizada só a arte em si, porque não tinha muitos espaços para títulos. Então essas “bordas” e espaços embaixo foram adicionados depois, sem Photoshop e sem assistentes virtuais, tudo à mão:
Com a saga de Star Wars, Drew fez pôsteres para os episódios de 1 a 7, sendo o maior artista a participar desses pôsteres com George Lucas. Ele também fez o pôster de 2008 para o Indiana Jones do diretor - e também havia feito para a franquia em 1984, mas dessa vez dirigido por Steven Spielberg.


O mais antigo e o mais recente
Apesar de estar vivo e com saúde, Drew não faz mais pinturas comerciais e seus trabalhos mais marcantes foram os feitos nos anos 80. Nos mais recentes, ele trabalhou na franquia Harry Potter e fez alguns pôsteres em 2015 para a série televisiva de Star Wars.
O trabalho de Struzan é um dos mais copiados, plagiarizados e reutilizados pela IA. Sua mulher Dylan, em entrevista para Richar Amsel diz: “Ele (o IA) pode plagiar todo tipo de coisa no universo e jogar tudo na mesma panela, e você vai ter uma confusão de novo. ... O importante é como a história é apresentada e o que a pessoa está tentando dizer”
"Se você realmente quer entender a natureza humana, precisa consultar um humano - a IA jamais entenderá quem somos." - Dylan Struzan
Outros filmes marcantes que levam a assinatura de Drew Struzan nos pôsteres
ET - Steven Spielberg (1982)
The Goonies - Richard Donner (1985)
Blade Runner - Deeley e Ridley Scott (1982)
O Enigma de Outro Mundo - John Carpenter (1982)
“Nas pinturas eu consigo mostrar às pessoas o meu coração, minhas experiências, meu conhecimento, minhas paixões e é assim que eu me expresso, é assim que compartilho minha arte. Acho que é isso que nos faz humanos, é compartilhar o conhecimento e experiências e nas pinturas é como faço isso” - Drew Struzan