Fausto Oi e seus discos não-hardcorianos

Um olhar além do HC para um dos nomes mais ativos da cena

Fausto Oi e seus discos não-hardcorianos

Toda cena tem suas lendas. Pessoas que trabalham bastante pelo meio que está inserido, que fazem bastante por si e por outros e que mantém a chama da parada acesa por anos e anos.

No hardcore brasileiro, a gente tem algumas boas lendas e o Fausto Oi é uma delas, com certeza. Guitarrista e baixista para várias bandas, dentre as mais famosas o Dance of Days, Zander e Good Intentions, o Fausto é um nome ativo na cena do hardcore brasileiro desde o fim dos anos 90.

Mas nesse papo, a gente quis sair um pouco do óbvio. Que ele tem influências do hardcore, todo mundo que acompanha o cara sabe. Então a gente foi perguntar sobre discos que não são da cena mas que fizeram a cabeça do Fausto em algum momento e influenciaram sua carreira musical.

Seguem os álbuns, nas palavras dele:


Simon & Garfunkel - Simon & Garfunkel's Greatest Hits (1972):

Esse era um dos poucos cassetes que tínhamos em casa e me lembro bem de vê-lo e ouví-lo muito em minha infância. Aquelas músicas me marcaram demais e é a principal influência musical que veio através do meu pai.

Hoje em dia eu possuo quase toda a discografia dessa dupla folk norte-americana em CD e LP. Citei aqui a fita k-7 pois não possuíamos um toca discos, apenas um toca-fitas de carro ligado num amplificador e esse era o nosso aparelho de som em casa. Anos depois (quando conseguimos um aparelho de som mais moderno) meu pai comprou esse mesmo disco em cd e eu gravei numa fita para me acompanhar (pois essa fitinha da minha infância já tinha enrolado e se perdido tempos antes).

Lembro de em uma das férias escolares ir até o Centro Cultural São Paulo e transcrever uma partitura de uma música deles num caderno (já que lá não podia tirar xerox) e consegui tocar no violão. O Paul Simon sempre fez arranjos incríveis para o instrumento, algo que sempre me inspirou.

New Kids On The Block - Step By Step (1990)

O New Kids On the Block veio como um gosto mais pessoal da transição da infância para a adolescência, muito sob influência da minha irmã Fabiana, que foi uma grande referência musical para mim. Ela é dois anos mais velha do que eu e tudo o que ela ouvia eu escutava por tabela. Se tornou super fã dessa boy band norte-americana e assistíamos tudo o que passava na televisão, principalmente no programa "Clip Trip" da Tv Gazeta. Isso pré MTV, que estreou no Brasil um pouco mais pra frente e era bem difícil de sintonizar.

Lógico que o Menudo veio antes, mas a gente acompanhava mais superficialmente nos programas do SBT/TVS. Mas o NKOTB veio naquela onda pré-adolescente da minha irmã e eu estava ali para acompanhar. Acho que o grupo foi essencial para eu curtir música pop e o pop em determinado momento é algo que pegou muito em algumas ondas do emo, um universo que bandas que eu toco e toquei possuem total influência.

Guns 'n Roses - Appetite for Destruction (1987)

Fim do ano de 1990. Rock in Rio iria acontecer em janeiro de 1991. A Rede Globo passava alguns clipes das atrações e ali tocou "Sweet Child O' Mine" do Guns. Toda a estética da banda me chamou a atenção, virou o meu mundo e eu queria virar roqueiro. Um moleque de 10 anos que estava descobrindo um monte de coisas, que ficava jogando videogame, que tinha ficado triste com o Brasil perdendo para a Argentina na Copa de 90, que ficou feliz com o Corinthians ganhando o seu primeiro título brasileiro... Sério, foi algo que me impactou muito. Em 1991 eu só queria saber de bandas de rock e saíram inúmeros discos importantes naquele ano. Fica até difícil de listar aqui, tem pelo menos uns 10 discos essenciais que foram lançados nesse ano e que eu piro muito, mas foi esse disco do Guns que me levou até eles. Foi um ponto de virada mesmo. 

Legião Urbana - Que País é Este (1987)

Banda amada e odiada no rock brasileiro. Foi o meu primeiro CD da Legião, comprado numa unidade das Lojas Americanas quando estávamos rumo a uma viagem para a praia em família. Na bagagem levávamos o violão originalmente dado para a minha irmã, mas que eu tinha tomado posse e estava na missão de aprender a tocar alguns acordes, com aquelas revistinhas de banca de jornal. Legião sempre estava nas páginas dessas publicações e nessa, deviam ter umas duas músicas do disco. Eu não ia para a praia, ficava na casa tentando incessantemente tocar. Isso deve ter sido no início de 1996. Meses depois eu estava montando a minha primeira banda, Os Espuletões.

Vince Guaraldi Trio - A Charlie Brown Christmas (1965)

Eu pirava nas músicas do Snoopy mesmo sem saber o que era jazz. Não só nas músicas, mas o desenho em si me cativou desde a primeira vez que assisti. Acho que muitas crianças conheceram o jazz vendo os episódios, e um dos mais emblemáticos é o especial de natal, com a turminha dançando ao som de "Linus and Lucy". Eu tenho até uma tatuagem com parte da cena. Anos depois me interessei um pouco mais pelo estilo, indo atrás de Dave Brubeck, Ornette Coleman, Eric Dolphy, Charles Mingus. Principalmente as vertentes do Avant Garde e Free Jazz, que de certa forma influenciaram a banda instrumental que fiz parte, o Eu Serei a Hiena. 


ISMO
Cultura em movimento

Assine nossa newsletter e receba
as últimas notícias em 1ª mão!

Assine agora