Biano Bianchin 50 anos

Uma prova que a longevidade no skate é real e exclui qualquer plano de aposentadoria

Biano Bianchin 50 anos

Uma das maiores perguntas que se faz relacionada à carreira de skatistas é “existe aposentadoria no skate?” e essa é difícil de responder. Não é como outros esportes, em que no meio dos 30 anos, a pessoa já começa a pensar em fazer outra coisa da vida; no skate você vai transformando seu rolê e cuidando do corpo para que ele exista por mais tempo. 

Andar de skate em alto nível pode ter sim seus anos de ouro mas, tanto para a primeira pergunta quanto para essa afirmação, o Biano Bianchin chega pra desafiar qualquer padrão. Em 2025, o “Dagger” - apelido dado a ele no skate - completou 50 anos de idade, sendo mais de 30 dedicados ao carrinho e, detalhe: fez isso andando de skate! 

Biano lançou uma videoparte de comemoração ao seu aniversário que mostra que a longevidade no skate é uma questão de cuidado e de perseverança. Junto da parte, Biano também teve uma matéria especial na segunda edição da CLIFE Skate Mag.

A videoparte de 50 anos do Biano, pela Converse CONS Brasil

“Acreditar é palavra que mais combina com a minha trajetória no skate, com toda a minha carreira. Fui um cara que sempre acreditei muito no meu skate para chegar onde cheguei” - Biano Bianchin

A gente trocou uma ideia com o Biano pra saber sobre a parte e sobre esse assunto que, provavelmente ele vai falar muito daqui pra frente, que é a idade e o fato de estar andando e puxando o nível de skate até hoje. 


Uma videoparte com 50 anos de idade 

Biano: Fazer uma parte é sempre igual, no geral, no quesito de focar e saber selecionar picos e manobras e já ter em mente o que quer fazer. Eu quando faço uma parte, formulo ela na cabeça para ter um norte, pra eu começar e seguir. Saber os picos, as manobras que vão ser dadas ali. Não é só sobre manobras, é sobre o lugar que vou filmar também. 

Essa parte é uma das mais importantes pra mim então eu quis viajar bastante pra fazer acontecer. Fui para Barcelona que tem bastante pico e dá pra pensar em uma manobra que caiba em algum pico. Estados Unidos também fui, e tive uma vontade muito grande porque lá tem picos que aqui no Brasil não tem, tipo os ditches em Los Angeles. Fui para Argentina também, que é um lugar que vou bastante e tem uma fotografia foda. Isso tudo importa no conjunto geral da obra, manobras, picos… 

Biano escolhe com cuidado os picos - e até cuida deles (foto: Allan Carvalho)

Tentei ser bem versátil, borda, corrimão - que na minha idade já fica um pouco mais difícil - e pensei que queria fazer uma parte atual, não só pela idade, também para manter meu nível. Se fosse para fazer, tinha que ser no nível atual, tendo corrimão, gap, flip tricks, tudo.

A diferença maior de fazer uma parte com 50 anos é você ter mais maturidade, mais experiência, saber que o corpo muda, mas a cabeça continua a mesma. Hoje tenho mais vontade, não quero perder tempo nenhum, mas isso é experiência e conhecimento do próprio corpo. Tem que saber o momento certo de cada manobra, ainda mais com aquelas qeu você não faz todo dia. Tenho hoje a consciência de fazer no momento certo, no dia certo, no dia que estou na pegada. 

Tem todo um processo que vem dessa maturidade, de eu estar mais focado e cuidando cada vez mais da saúde e do corpo. Não é uma comemoração de aniversário ou pra dizer que estou vivo. A idade é só o título, mas é mais uma parte pra deixar aí e inspirar pessoas, seja da minha geração ou das novas gerações, para verem que dá pra andar de skate pra sempre. 

Outra coisa que vale muito falar é que nada é feito sozinho, o skatista precisa dos amigos, fotógrafos, videomakers, esses que fazem a parceria e fazem as coisas acontecerem. 

Aposentadoria no skate 

Biano: Essa é uma pergunta que escuto desde que comecei a andar de skate, seja da família ou de amigos: “o que você vai fazer depois de andar de skate?”. Essa é uma que todo skatista carrega sua vida inteira e fica no seu subconsciente.

Para mim, principalmente agora, aposentar nunca foi uma opção, por isso venho há um tempo cuidando do meu corpo, da minha saúde mental, alimentação, fazendo musculação, andando de bike, tudo isso para ter uma longevidade. 

A videoparte também é uma forma de eu evoluir, me reinventar, me inspirar e ter motivação para continuar fazendo tudo isso. Agora que cheguei onde cheguei, com 50 anos, eu não tenho vontade de fazer outra coisa. Eu escolhi o skate como minha vida, como meu trabalho, minha diversão, meu estilo de vida. Agora que cheguei nessa idade andando de skate, não é mesmo uma opção de me aposentar. Enquanto eu tiver disposição e o corpo aguentar, eu vou continuar. A diferença é ter a disposição de se jogar, quando você perde isso, é onde fica preocupante, mas para mim essa parte não chegou! 

Biano em um full pipe que está na videoparte (foto: Allan Carvalho)

Minha preocupação é manter meu corpo e minha mente fortes, porque a vontade hoje é até maior! Consigo aproveitar o tempo e ter mais gana andando de skate. 

Minha missão é mudar o pensamento de aposentadoria, porque quando a gente começou a andar de skate, achou que ia andar pra sempre e estou fazendo isso. Claro que muita coisa pode acontecer, mas para mim andar de skate é uma necessidade. 

Tive duas lesões fortes, mas tenho a mente bem forte, mesmo sentindo dores até hoje. Aprendi viver com isso porque a vontade de andar de skate é maior do que qualquer coisa. Minha missão é essa, mostrar que a longevidade do skate é real. 

Os 50 são os novos 30, nunca foi uma opção pra mim parar de andar de skate, o negócio é sempre se reinventar. 


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