Marcia Resnick, BJ Papas e Ali Smith
Três mulheres que fotografaram o punk e hardcore de Nova Iorque e moldaram os registros de suas épocas

Nova Iorque, nos Estados Unidos, foi um lugar fundamental para o desenvolvimento da cultura punk e hardcore no século XX. Desde os anos 70 a cidade americana é palco de grandes bandas e eventos relacionados às cenas, trazendo pessoas de diferentes vertentes artísticas para colarem nos shows e, até mesmo, colaborarem com os músicos.
Claro que tinha gente registrando isso. Sob o olhar de três mulheres que atuaram em épocas semelhantes mas com espaços de tempo um pouco diferentes entre uma e outra, as cenas punk e hardcore sempre tiverem cliques feitos por elas, que dominaram a imagem estática e o imaginário do que viria a ser referenciado por outras bandas e fãs a seguir. Marcia Resnick nos 70 e 80, BJ Papas nos 80 e 90 e Ali Smith na década de 90 são três das figuras importantes que a música de protesto com guitarras de Nova Iorque teve para registrar suas memórias.
Marcia Resnick
Nos anos 70 em Nova Iorque, artistas de várias frentes começaram a se misturar nas ruas da cidade e nos bares que tocavam a nova sensação do rock da época: o punk rock. Ir a bares tipo CBGBs, Max e Mudd Club era não só encontrar as bandas, mas também ver um monte de personalide de diferentes vertentes artísiticas. Nessas noites de punk e arte, a fotografia de Marcia Resnick imperava.
Ela fotografou muita gente. De Mohammed Ali aos Dead Boys, de Chuck Berry a escritores Beatnik. Tinha muita gente de vários segmentos culturais importantes nas lentes da Marcia Resnick desde o começo dos anos 70, que foi quando começou a fotografar.
Seu livro que mais se relaciona ao tema desse artigo, o “Punks, Poets and Provocateurs: New York City Bad Boys 1977-1982”, publicado em 2015, mostra um pioneirismo gigante de uma mulher que permeava os recintos que se tornariam icônicos para a cena nas próximas décadas.
Marcia faleceu em junho de 2025, deixando um legado gigantesco para a fotografia de culturas urbanas e influenciando homens e mulheres, como as próximas dessa lista, a continuarem fotografando suas cenas.






Escritores Beatnik, Mohammed Ali, Bad Brains, Mick Jagger, William Borroughs, Warhol e Basquiat (fotos: Marcia Resnick)
BJ Papas
Figura presente em muitos créditos de fotos de álbuns de hardcore de Nova Iorque dos anos 80 e 90, BJ Papas é um dos nomes mais populares da fotografia do gênero, senão o mais popular.
Bad Brains, Sick of It All, Murphys Law, Agnostic Front, toda essa galera que foi e é essencial para a cultura, tem fotos, ensaios, capas e afins com BJ Papas. Ela não estava fazendo isso porque queria vender as fotos e ficar milionária, mas sim porque era uma figura frequente do rolê e, segundo suas próprias palavras, “queria tirar fotos dos meus amigos para eles colocarem nos álbuns”.
BJ aprendeu fotografia na escola, estudou fotografia na faculdade e a primeira banda que ela tirou foto foi o Black Flag em um show em Maxwells. Depois, ela estava todo domingo no CBGB nas Sunday Matinees fotografando bandas e pessoas. Hoje essas imagens são icônicas, sinônimo de uma geração impactante para a música barulhenta. Imagens essas que olhamos e nos inspiramos até hoje.
O trabalho da BJ Papas vai além do hardcore, tendo trabalhado também com artistas como Metallica, Johnny Cash, Salt-N-Pepa, Weezer e muitas outras. A lista de bandas com as quais já trabalhou em seu site é gigante!





Joe Strummer, a capa do Sheer Terror, Gorilla Biscuits e o público do CBGBs (fotos: BJ Papas)
Ali Smith
Nova Iorque nos anos 90, um boom de vários acontecimentos oriundos no fim dos anos 80, como pop arte, hardcore e novos movimentos jovens e Ali Smith estava com sua câmera fotografando muito da cena.
No livro “The Ballad of the Speedball Baby”, criado por ela em 2024, ela nos leva por uma aventura autobiográfica por sua carreira enquanto musicista no hardcore nos anos 90. Nessa época onde o livro se baseia, Ali vivia tocando, tirando fotos e capturando histórias da cena punk de Manhattan e se camuflando entre quem fotografava e quem era fotografada.
Em uma entrevista para o The Guardian, ela fala: “Eu transitei entre mundos: às vezes, observadora com a câmera em punho, outras vezes, sujeito — a única mulher no palco, na van, na delegacia de polícia, sobrevivendo às críticas e flechadas que a sociedade reserva para mulheres que se recusam a obedecer”.




Dedo do meio em NY, John Spencer Blues Explosion e mães punks (fotos: Ali Smith)