Infamous Glory, Hermes e Renato e Hitchcock

Kexo fala sobre o vídeo de Praising Insanity e suas influências audiovisuais diversas

Infamous Glory, Hermes e Renato e Hitchcock

A banda paulista de Death Metal, Infamous Glory, lançou no mês passado o clipe de Praising Insanity, música que está no álbum mais recente da banda, Algor Mortis, apresentado em 2024. 

Esse é o segundo clipe do Infamous, mas o primeiro com uma historinha, além dos caras tocando. O Nihilist Despair, o primeiro, tem 11 anos e apresenta a banda tocando e esse de 2025 já chega com um roteiro. A gente trocou uma ideia com o Kexo, guitarrista e um dos fundadores do Infamous Glory, pra saber sobre clipes no metal, influências de horror e as tretas que são fazer um vídeo por conta própria. 


A diferença entre o clipe anterior e esse 

Kexo: No Nihilist Despair, a gente pensou de fazer o esquema mais baba que tinha. Juntar a banda, colocar uns ampli, tocar e filmar. 

Nesse novo clipe, o processo de pensar nele já começou quando a gente estava gravando o álbum. Eu vinha vendo que estava saindo diferente, a composição, até a formação com o André também, isso ajudou a compor mais coisa, foi bom para dividir responsabilidades. Esse álbum foi diferente também porque não fui eu quem mixou, fizemos com o Rodrigo Couto, do Estúdio Casa 39, uma coisa mais profissa. Com tudo isso, achamos que merecia um clipe! 

Uma diferença, porém, entre um clipe e outro, é que no primeiro a gente contou com uns camaradas filmando e editando. Dessa vez a gente fez tudo por conta própria, a única hora que eu não filmei, foi quando aparecia tocando na câmera e foi minha namorada quem filmou (risos). 

Outra diferença também é que nesse clipe a gente filmou um de cada vez tocando, não a banda toda, como no anterior. Isso foi uma parada diferente e que rendeu mais minutos também. Isso aconteceu porque filmamos no Fenda (que os caras foram muito gente fina e deixaram a gente fazer) e não ia ficar bom na fotografia colocar a banda toda tocando. Então fomos com um de cada vez. 

Esse foi o primeiro clipe da banda

Teve uma primeira ideia, mas o clipe novo saiu diferente 

Eu trampo com audiovisual hoje em dia e um fato meu, pessoal, algo que eu penso, é que todo skills que a gente aprende, a gente tem que colocar no metal, cara. No fim das contas, é só isso que importa, senão a vida não tem graça. 

Fizemos tudo por conta própria. Eu comecei com um roteirinho no celular e o que saiu no clipe é uma ideia parecida, mas algumas coisas não saíram por conta de várias limitações tipo técnicas e de produção mesmo e outras por coisas da vida, né? Já vou chegar lá.

Na real, muita gente ajudou, mas assim, a parte de por a mão na massa, foi por nossa conta mesmo, porque se ficasse uma merda, pelo menos a gente tinha tentado. Então começamos a gravar. A primeira coisa foi gravar a banda tocando e tendo isso, já seria metade do clipe pronto. Era isso que eu pensava, pelo menos, porque o clipe ia mesclar a banda tocando e umas cenas do roteiro que pensamos na historinha. 

Jimena Romero ajudou no figurino e boa parte do clipe foi feito no FENDA

A brisa era que iam ter dois personagens, o Junera e o Coroner. O Junera já tocou no Infamous e topou fazer de boa, na verdade eu sempre pensei nele pra ser esse personagem. Era pra ser algo meio “metaleiro Barizon” do Hermes e Renato, meio calhorda, andando pela cidade, tomando uma cerveja e fumando cigarro enquanto ouvia metal. Já o Coroner era pra ser um mago, meio que de magia negra, que iria assassinar o Junera e ia ter um lance de reviver atrávés de black magic e ele virar um zumbi. 

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Junera-Barizon

A ideia era essa, o Junera ir andando pela cidade, ver uma casa (e a gente já tinha pensado numa casa muito foda aqui em Pinheiros que tinha essa estética meio filme de terror), algo chama atenção dele, ele entra e lá tem esse mago que vai matar ele e depois volta com uma magia. O clipe inclusive ia terminar com o Junera meio de zumbi indo pra cima do Coroner pra morder ele! Mas cara, entre pensar isso tudo e gravar, foram meses. Foi um processo bem demorado. Até tinha uma casa pra gente gravar essas cenas, que era a casa da minha vó, mas por conta de agenda, de compromissos de trampo e tudo mais, no fim que nem a casa mais a gente tinha, porque tinha sido vendida. Foi papo de um ano fazendo o clipe e não terminando. Nesse meio tempo também, o Junera raspou a cabeça! Ele tinha cabelo comprido no começo das imagens e depois ele raspou. Então por tudo isso, a gente teve que mudar o meio pro fim do clipe. 

Aí surgiu essa ideia de ser algo meio como um paciente cheio de gazes, meio que possuído por um ritutal. Nisso também a gente teve que usar umas imagens de banco de dados, que pudessem nos ajudar a completar essa história. Então, assim, tem vários detalhes que fazem você mudar de ideia e de história no processo. 

No fim, a gente chegou nesse resultado em que o personagem principal passa por essa ideia de possessão, de alucinação, de colapso e, no final, aparece ele na mesma cena olhando pra casa, mas dessa vez com o olho preto, o que pode ser interpretado de várias formas, tipo, foi um sonho? Aconteceu mesmo? É uma lembrança, foi real? Então, para mim, faltaram várias paradas, mas a limitação faz você se virar nos 30, tá ligado? 

As influências que podem ser vistas no clipe 

Tiveram uns clipes de metal que nos influenciaram, sim, mas acho que vem mais de filmes de terror, principalmente dos anos 80 e, principalmente mesmo, dos anos 70. Uma coisa que levou à outra foi a casa que o Junera olha no clipe me lembrar a casa do Exorcista, então eu realmente pensei nesse filme nessa hora. 

Na verdade essa casa é mais dahora que a do filme! É uma casa meio King Diamond, do álbum “Them”, que tem a luz na janela e isso influenciou pra caramba essa cena. 

Outra coisa que influenciou bastante uma das cenas foi Blade Runner, essa ideia dele passear na cidade, no começo do clipe, andando por bares, meio chovendo, luzes da cidade… Isso me fez pensar em Blade Runner. Essa coisa de estar estressado e a vida ser uma bosta, tem tudo a ver com Death Metal (risos). 

E cara, uma influência forte mais voltada pro horror e terror é o Zé do Caixão. Essa é uma referência muito óbvia, na verdade, até porque é o bagulho que eu mais gosto, desse terror mais preto e branco, mais maligno, o filme The Beyond, que eu amo… Essas coisas que podem ser até dos anos 80, mas são feitas tipo terror anos 70! Outro filme que gosto muito que serviu de inspiração foi o Noite das Gaivotas, que tem uma estética de capuz, dos cavaleiros templários e tals, acho que isso dá pra ser visto no nosso clipe também, de certa forma. 

Alfred Hitchcock é outro também que, até no Psicose mesmo, tem cenas que eu gostaria de ter feito no clipe. Mas isso tudo que esses filmes tem, esses takes mais dramáticos, uma mão caindo no chão, sangue escorrendo, estavam mais no primeiro roteiro, que a gente não conseguiu executar totalmente. Mas com certeza foram inspiração. 

Por que fazer um clipe de metal em 2025? 

Nos anos 90, ter um clipe de metal era ter um certo status, os caras pensavam “caralho, essa banda tá foda!”. A gente via as bandas nacionais com clipe no Fúria MTV e ficávamos achando muito foda. 

Hoje em dia não tem tanto esse status como antes, ainda mais com a internet. Mas hoje com as mídias sociais, a parte audiovisual é muito importante em vários aspectos, dependendo do público, é até mais! Mas honestamente a gente não liga pra isso. 

Mas… atrapalhar, não atrapalha, né? (risos) Fica naquele lance de “eu também quero”, sabe? Aquela parada de ver sua banda na TV, é algo bem legal. E teve também o lance de fazer uma festa de lançamento e eu meio que forcei isso porque era algo que tinha sido bem custoso, era um rolê meio que “contra tudo e contra todos”, saca? Então eu quis que a gente se reunisse pra ver o clipe e meio que agradecer todo mundo que participou de alguma forma. A festa de lançamento, no The Metal Bar, em Pinheiros, foi o fechamento de um ciclo. 

Assista a Praising Insanity agora


A Praising Insanity faz parte do álbum Algor Mortis, que recentemente saiu em vinil pela Black Hole Prods e você pode garantir aqui.

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