5X5 de 2025 por teodoro buendia

5 categorias, 5 escolhas: as listas de fim de ano dos colaboradores da ISMO

5X5 de 2025 por teodoro buendia

2025 foi um ano movimentado no grime e no underground musical como um todo. Aqui pela ISMO, pude registrar um pouco dessas movimentações — conversei com o ANTCONSTANTINO sobre a sua eurotour, com a nabru sobre a turnê de Desenredo, com o Maui sobre o lançamento de Melodia&Barulho e com vários outros artistas sobre lançamentos e vivências da cena.

Pude, também, começar um mapeamento dos coletivos de grime no Brasil, além de uma série de investigações e reflexões sobre a cena daqui e lá de fora. Resolvi separar, pensando nisso, as coisas que mais me chamaram a atenção enquanto buscava inspiração ou conhecimento para construir essas matérias que saíram por aqui. A seguir, compartilho um pouco do meu garimpo pela internet em 2025.


5 leituras
Neste ano, comecei a escrever aqui pela ISMO e o texto passou a ocupar um lugar central na minha cabeça. Entre as pesquisas sobre o lado obscuro de alguns gêneros da música eletrônica europeia no Poliedral; uma bela documentação da cena de grime recifense por Mikhaela Araújo; um ensaio de João Medeiros que explora a presença da negritude em mundos virtuais; o importante registro do papel das rádios online por Elena Beatriz; e a última entrevista do Burial, feita em 2007 por Dan Hancox, que foi publicada na íntegra só neste ano em sua newsletter, encontrei importantes pontos de partida para pensar o momento atual da cena e do mundo.

Arqueologia Digital - Contradições e Conflitos na Música Eletrônica Europeia #EP05 - Poliedral | Substack
O grime cria raízes na cidade do mangue - Mikhaela Araújo | Monkeybuzz
Cara a cara - João Medeiros | Revista Zum
A importância das rádios online na construção de comunidades - Elena Beatriz | Alataj
Burial's last interview - Dan Hancox | Substack

5 discos
2025 foi um ano recheado de lançamentos importantes, especialmente na cena do grime. GRIMEBOY, do j3llyX; MALWEAR, de Starkenoten; POUCO PRA ENTENDER, de JPEGO e WALTEREGOS; GRIMOTHER, da Sapaganjah; Original Western Boy, do Bardek; O Especialista, de Nice 55 e Nota 10, do MASKOTTE, foram alguns desses discos que movimentaram a nossa cena — a maioria deles eu falei por aqui ao longo do ano.

Mas eu decidi trazer aqui outras coisas que me chamaram a atenção, e também fizeram parte dos meus dias. Partindo da mistura coletiva e colorida do Maui; passando pelo aniversário de dez anos da mixtape visionária de Vandal, que chegou com três músicas que não haviam entrado nas plataformas em 2015; ao álbum extremamente íntimo e bem construído da NandaTsunami; até chegar aos projetos instrumentais do Enigma e da Bagum, que se diferenciam pela forma e pelos métodos, mas que de alguma forma, falam de maneiras parecidas sobre os mesmos sentimentos e emoções.

Melodia&Barulho - Maui
TIPOLAZVEGAZH MIXTAPEH (10 ANOS) - VANDAL
É Disso Que Eu Me Alimento - NandaTsunami
Heurística Mixtape - Enigma
Coração; Batalha; Celebração - Bagum

5 rolês
Esse ano tiveram alguns eventos bem importantes. O grime no centro de São Paulo — que é muito fortalecido pela presença essencial e ímpar do CR1A011, casa na Bela Vista que recebe de braços abertos o underground — está cada vez mais vivo, em muito, graças à galera do RAGGACLUBBERZ, que marcou o ano com edições do CR1AGRIME e do Terra à Vista trazendo convidados do país inteiro.

A Exportação, festa de grime da Leigo, também marcou presença aqui em São Paulo, com duas edições no ano — uma do lançamento de Nota 10 do MASKOTTE, e outra que contou com presenças ilustres do underground. A NUKAOS também deu as caras, sendo o primeiro (até onde eu sei) projeto de grime com banda no Brasil, e fizeram uma parada nunca antes vista no set gravado na Porta Maldita.

Outro ponto alto no ano foram os shows com banda da nabru, que se juntou com o Sta. Marta Jazz e o DJ Pecun em apresentações que passaram pelo SESC Belenzinho, SESC Pompeia e agora, no fim do ano, na Porta Maldita. Separei aqui os pontos que mais me marcaram nesses rolês, e me fizeram sentir parte de algo verdadeiro e em construção.

Set da Pedrovisk na Exportação no Espaço Nobre
Set do Sucateiro + MC's no rolê dos RAGGACLUBBERZ na Void Centro
NUKAOS + MC’s na Porta Maldita
ANTCONSTANTINO + Cronista do Morro, Yuri Redicopa, Kiddo e Bruno Kroz na Fatiado Discos
nabru + Sta. Marta Jazz & DJ Pecun na Porta Maldita

5 singles
Além dos discos, vários singles foram marcantes esse ano na cena do grime. Começamos o ano quente com Bompo do MASKOTTE e Fug; Kroz chamou a responsa na faixa que foi a minha mais ouvida; Crush, da Jorja Smith com o AJ Tracey, pegou todo fã de grime de surpresa numa das melhores faixas do ano; Piores e VIANA se juntaram na conexão Paraná-Piauí com um refix de scars do Frank Medley; e agora, na reta final do ano, Sucateiro e GR33G fizeram um dos melhores beats de 2025, que foi amassado pelo Mug3n e DLT, na conexão São Paulo-Curitiba.

Bompo - MASKOTTE, Fugitive99
Eu Não Ligo - Bruno Kroz
Crush - AJ Tracey, Jorja Smith
Pensamentos - Piores, VIANA PROD
Cavalona Toma - Sucateiro, Mug3n, GR33G, DLT

5 sets gravados
Para fechar, uma seleção dos melhores sets que ouvi esse ano. Começando pela última edição da residência do Spooky na Mode London, lançada nesta semana, que conta com duas horas exclusivas de produções dele mesmo; passando pelo set da Eram no festival de 12 anos da Mamba Negra; pelo episódio da Camiska no projeto de sets com DJs convidados da Raridade Records; um set do MU540 que explora bastante o seu lado do dubstep na Veneno; e por fim, o episódio do Antônio com o Meio Feel na sua residência na Rinse, momento histórico com dois gigantes da nossa cena.

Spooky Sunday (Clarty Rinseout - 16/12/25) - Spooky Bizzle | Mode London
ERAM - MAMBA NEGRA FESTIVAL 12 ANNUX | Mamba Negra
Deus abençoe a selektah: Camiska | Raridade Records
LAB - MU540 (21/05/25) | VENENO LIVE
ANTCONSTANTINO invites Meio Feel - 19/11/25 | Rinse FM


Confira as listas dos outros colaboradores da ISMO desse fim de 2025:

Entre repetição e descoberta por Thaiz Alvarenga
Cultura Contra o Brain Rot por Gustavo Felipe
Manual para tempos distópicos por Tiago M. de Almeida
Pequeno arquivo do agora por Rayllon Mendes
Peso, arte e suor por Filipe Maia


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